Não tem coisa pior do que ficar resfriada. Nariz escorrendo
– eca! -, tosses demais, espirros
escandalosos, dor de cabeça dos infernos, rouquidão, e uma vontade de ficar
deitada na cama pelo resto do dia. Mas, como mulher, sou guerreira e não deixo
uma gripezinha me abater. E o engraçado é que, nos meus piores dias – como
hoje, que a gripe bateu – é que a inspiração também bate na porta. Ou na
cabeça.
É impossível estudar o comportamento humano sem presenciá-lo
todos os dias. E, se tem um lado quase bom de se trabalhar num balcão o dia
inteiro, é que você pode estudar o comportamento humano. Não sou Annie Braddock, e também não
quero ser antropóloga, mas é inevitável você não enxergar padrões.
Se tem uma
coisa que me irrita nos dias de hoje, é que os pais deixaram de ser uma figura
de respeito para ser uns merdas. E não to falando de merdinhas não, to falando
daquelas merdas bem fedorentas mesmo.
Não sei em que
momento da nossa história o fato de ter um filho deixou de ser uma benção pra
ser um fardo. Talvez a partir do momento em que as nossas carreiras começaram a
ser mais importante do que a família, ou a partir do segundo em que as
adolescentes passaram a ter uma vida sexual mais ativa do que as pessoas
casadas. De um jeito ou de outro, esse fardo dá mais dor de cabeça para as
outras pessoas do que para os progenitores. Porque quando a criança começa a
andar, falar e fazer “arte” é que os pais deixam os filhos serem educados pelas
pessoas na rua. E isso me irrita mais do que eu posso me expressar em palavras.
Eu não sou
obrigada a ficar de olho naquela criança que está correndo que nem uma doida
pelos corredores do supermercado, muito menos a prestar atenção nela quando ela
começa a chorar e espernear quando quer aquela bala ou aquele chocolate. O
papel de educação é dos pais, mas eles – em vez de lidar com as birras – dão
para as crianças o que elas querem só pra elas calarem a boca.
É fato, e todo
mundo sabe disso. Não fazem mais pais como antigamente, que batiam na bunda dos
filhos quando eles aprontavam para lhes ensinar uma lição; ainda mais depois
daquela lei que proíbe os pais de ensinarem os filhos à base das palmadas.
A pura verdade é
que eles criaram uma nova raça de humanos, que vem mimados e mal acostumados. Fico
chocada de ver as crianças chorando e fazendo birra por poucas coisas. Quem foi
que disse que bater nos filhos – na bunda, e não na cara! – não é educar? Umas palmadas
na infância impedem os seus filhos de serem adolescentes rebeldes e mimados, e
de se tornarem adultos cuzões.
É pra se
pensar, não? Dizer não pros seus filhos não machuca, bater na bunda pra
educar não sangra e repreendê-los por suas falcatruas não vai fazê-lo um
psicopata.